Quais doces portugueses não posso deixar de experimentar?

 

Os doces portugueses são conhecidos mundo a fora e um tesouro da gastronomia portuguesa. Muitos deles são conhecidos também pelo termo de doçaria conventual, mas você sabe o por quê desse termo?

Porque a grande maioria destes doces foi criada dentro dos conventos pelas freiras, principalmente para aproveitar as gemas que eram desperdiçadas após as claras serem utilizadas para engomar roupa.

Os ingredientes mais utilizados, além da gema e do açucar (claro!) são as amêndoas e a folha de obreia (ou melhor, a hóstia).

Com o fim da ordens religiosas no país no século XIX, as freiras começaram a vender estes doces fora do convento para ajudar no seu sustento e compartilharam essas receitas com as mulheres mais próximas. Desde então são passadas de geração em geração e são um segredo muito bem guardado por essas famílias.

Existe uma variedade enooorme de doces portugueses (conventuais ou não), mas para começar descubra os 7 doces portugueses que não pode deixar de experimentar…

1 - PASTÉIS DE BELÉM E PASTÉIS DE NATA

Não podia começar a falar dos doces portugueses sem ser por este clássico conhecido e adorado mundialmente.

O Pastel de Belém foi criados no Mosteiro dos Jerónimos e em 1837 (depois do fim das ordens religiosas) começou a ser vendido na loja atual da Fábrica dos Pastéis de Belém.

Por isso, somente nesta loja é que são vendidos os Pastéis de Belém. Sim, somente os da Fábrica dos Pastéis de Belém podem ser chamados de Pastel de Belém.

Em todos os demais lugares do país, é Pastel de Nata.

Apesar de achar que os Pastéis de Belém devem ser experimentado por todos, porque é uma parada obrigatória de quem vai a Belém. Não deixe de experimentar outros Pastéis de Nata, especialmente o da Manteigaria, que é o meu preferido ever.

Descubra onde comer os melhores pastéis de nata em Lisboa

Fábrica dos Pastéis de Belem: Rua de Belém, 84 - 92 (Aberto todos os dias de 08h às 23h)

Manteigaria: Rua do Loreto, 2 - Chiado (Aberto todos os dias de 08h às 24h)

Mercado da Ribeira (Time Out Market): Avenida 24 de Julho (Aberto todos os dias de 10h às 24h - de quinta a sábado até às 02h)

Aaah, e no Porto também tem Manteigaria:

Delta Q e Manteigaria : Rua Alexandre Braga, 2 (junto ao Mercado do Bolhão - aberto de 08h às 21h) e a nova loja bem pertinho da Torre dos Clérigos: Rua dos Clérigos, 37 (aberto das 9h às 23h45)

2- OVOS MOLES

Claro que os Ovos Moles iam ser um dos primeiros, né? Quem acompanha o Viver Portugal há um tempo sabe que são os meus doces preferidos desde criança. E não adianta que eles não perdem lugar no pódio do meu coração (e estômago! haha).

Reforço que só não foi o primeiro doce da lista, porque os Pastéis de Belém tinham mesmo de ser pelo reconhecimento a nível mundial.

Mas vamos ao que interessa…

Os ovos moles são de Aveiro, inclusive só podem ser produzidos na cidade, por “pessoas autorizadas” e de acordo com as normas da Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro visto ser um produto com certificado de Indicação Geográfica Protegida (IGP).

A sua origem remete ao Convento de Jesus, onde desde 1925 é o Museu de Aveiro.

É um doce feito a base da gema de ovo e açúcar, com uma tonalidade de laranja viva e textura bem cremosa, envolvido por uma hóstia sempre em forma de conchas, búzios, barricas e peixes, em homenagem as tradições marítimas de Aveiro.

Para mim, é o doce dos deuses, maaas quem não é muito fã de ovo, nem sempre gosta. Mas quem tiver oportunidade e curiosidade de experimentar, tem que fazer na Pastelaria Rossio.

Confira aqui o roteiro de 1 dia em Aveiro e onde comer os Ovos Moles

E sabe o que mais é ainda mais maravilhoso nos Ovos Moles? É que você pode comprar para levar ao Brasil ou ir comendo durante sua viagem, porque os doces duram até 15 dias sem refrigeração.

3 - PÃO DE LÓ DE OVAR

Outro doce que me é afetivo e eu adoro também é o Pão de Ló de Ovar. O Pão de Ló de Alfeizerão também é famoso, mas sou fiel ao de Ovar, porque é a terra de grande parte da minha família e como (e muito! haha) desde criança.

É verdade que em outros lugares do mundo também existe Pão de Ló, mas não como esses. Por que? O Pão de Ló de Ovar possui um creme de ovos MARAVILHOSAMENTE (e redundantemente) cremoso, úmido e delicioso por cima. De comer e lamber os beiços.

Apesar de ser considerado um doce conventual, nunca existiu um convento em Ovar, então acredita-se que foi criado por uma freira nascida em Ovar que depois levou a receita para casa. Além disso, diz a lenda, que o primeiro pão de ló feito foi um erro, porque não o deixaram cozinhar tempo suficiente. Mas quem imaginava que esse pequeno detalhe, seria o grande diferencial e sabor que não há quem resista.

Ah, mas com vocês eu compartilho um segredo: experimentem o pão de ló do Cruz. É super molhadinho e muito saboroso. O melhor!

Pão de Ló de Ovar Cruz: Rua Júlio Dinis, 53 - Ovar

Ah, e para quem está com dúvida em como encaixar no roteiro: aquela paradinha espeeerta para quem está de carro entre Porto e Aveiro e ainda aproveita para conhecer as maravilhosas igrejas de Cortegaça e de Válega.

4 - TRAVESSEIRO DE SINTRA (OU DA PIRIQUITA)

É outro doce que faz parte do roteiro turístico e gastronômico, mas dessa vez em Sintra. Se você ainda não ouviu falar ou não colocou no seu roteiro, pega o caderninho e anota já ;).

Ainda não montou seu roteiro para Sintra? Confere aqui o roteiro de 1 dia e também como otimizar a ida e evitar filas

Os travesseiros são uma massa folhada com açúcar por cima e recheada com um creme delicioso de gema e amêndoa.

É um doce relativamente novo, em comparação com os outros, porque surgiu na década de 40 pelas mãos da neta da fundadora da Piriquita, Constança Gomes.

A título de curiosidade, a pastelaria tem esse nome hoje em dia, porque o Rei D. Carlos I chamava Constança de Piriquita devido a sua estatura. Entretanto, a casa existe desde 1862.

Mas, dica exclusiva, experimentem também os Pastéis de Sintra, porque são divinos e estes já não são tão conhecidos (e são os meus preferidos na Piriquita).

Piriquita - Rua Padarias, 1 - Sintra (aberto de segunda à sexta de 9h às 20h - fecha às quartas)

5 - PASTEL DE TENTÚGAL

O Pastel de Tentúgal é outro doce que me recorda a família e, principalmente a infância, porque lembro sempre da minha mãe comprar quando passávamos por Coimbra.

Pois é, o Pastel de Tentúgal é da região de Coimbra, mais precisamente de Tentúgal e Montemor-o-Velho, e foi criado no Convento de Nossa Senhora da Natividade. Assim como os Ovos Moles também tem o certificado de Indicação Geográfica Protegida (IGP). Ou seja, só pode ser produzido mesmo nessas regiões.

É uma massa folhada beeeem fininha, até no máximo 0,15 mm, e crocante (aí tá o segredo deste doce). Lembra um pouco os travesseiros, né? Mas acredite são diferentes e no pastel de Tentúgal o recheio é somente de doce de ovos, delícia!

Fique tranquilo que consegue encontrar nas mais diversas pastelarias de Coimbra ;).

6 - ENCHARCADA

A Encharcada, provavelmente, deve ser um dos doces menos conhecidos por vocês dessa lista. Maaas é muito famoso aqui em Portugal e é um dos mais tradicionais exemplos da doçaria alentejana.

Como já devem prever, é feito a base de gemas, açúcar e canela e, como o nome sugere, é bem molhadinho. Tão boooom!

De origem conventual, as receitas da encharcada variam um pouco entre Évora, Beja e Mourão, mas a de Évora é a mais comum. Por isso, um bom lugar para experimentar é na Pastelaria Conventual Pão de Rala, em Évora.

Pastelaria Conventual Pão de Rala: R. de Cicioso, 47 - Évora (Aberto todos os dias de 7h30 às 19h).

7 - PASTEL DE FEIJÃO

Parece estranho um pastel de feijão, né? Mas garanto que vão se surpreender com o gosto e textura incríveis desse pastel que leva feijão branco, ovos (claro que não podia faltar!) e amêndoas.

Este doce surgiu no século XIX em Torres Vedras, mas é possível encontrar em outros lugares. Inclusive, em Lisboa podem experimentar na Fábrica do Pastel de Feijão em Alfama que é mesmo muito muito bom.

Fábrica do Pastel de Feijão: Rua dos Remédios, 33 - Alfama (Aberto todos os dias de 9h às 20h)

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